sábado, 21 de dezembro de 2013

O que vejo? Máscaras e ciladas do ego.

Eu vejo você!
Vejo você inteiro, com todas as possibilidades e talentos. Toda a curiosidade e busca. Suas facetas, desvios, incertezas e medos. Vejo o amor em você. E te vejo como minha parente, meu parente,  também nessa busca do equilíbrio e aprimoramento, interno e externo.
O que vejo em mim não é você, mas uma parte do todo. Porque você é único, total e completo. E juntos vamos montando essa imensa Mandala Universal.

Eu vejo você!
Estou falando do olhar que nutre. Da mão carinhosa.
Como está você?


Eu vejo você!
Inteiro, com muito respeito. 
Entendo que tudo isso é um grande desafio para toda a humanidade e para a NOSSA humanidade.
Alguém, um dia foi pendurado na cruz, traído pelos seus melhores amigos, porque era fiel aos seus sentimentos, à sua fé.

Eu vejo você!
Porque olhar para mim desperta o desejo de compartilhar com o outro e isso só acontece de verdade se eu te enxergar para poder temperar a luz entre nós, para que a troca seja igual, cada um com a sua parte melhor.

Eu vejo você!
Porque não é o que EU SOU o que importa, mas o que NÓS poderemos ser.

Isso é estar a serviço.
Não existe titulo, formação, certificado que dê aval para isso.

Para estar a serviço é preciso estar disponível;
e às vezes você vai para a cruz e outras para as estrelas.

EU VEJO VOCÊ!


Segue um video bacana sobre o poder das palavras e de um novo olhar.





Dicas de pesquisa: ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA - J.Saramago
                             AVATAR - J.Cameron

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O potencial Criativo

Esta semana no grupo de estudos Mulheres que correm com os Lobos vamos trabalhar o conto "La LLorona".
Como os estudos são potencializados com as oficinas criativas e ele é um capitulo que mexe com esta questão resolvi escrever um pouco a respeito.
A criatividade hoje é vista como uma obrigação, uma busca inesgotável para aprender a criar e muitas vezes a pessoa é levada à exaustão acreditando que estava criando algo quando estava apenas copiando aquilo que já estava feito.
Criar é um ato de vida. E ela só se dá mediante a uma parceria. Quer seja com alguém real ou com o seu campo de inspiração, intuição, chame como preferir.

Segue o conto:
LA LLORONA

Um rico, hidalgo, fidalgo, corteja uma moça pobre, mas muito bonita, e conquista seu afeto. Ela lhe dá dois filhos, mas ele não se dispõe a casar com ela. Um dia, ele comunica que vai voltar para a Espanha, onde se casará com uma moça rica escolhida por sua familia e que vai levar seus filhos para lá.
A jovem mãe fica fora de si e age no estilo das celebres loucas enfurecidas de todos os tempos. Ela arranha o rosto do homem e arranha seu próprio rosto. Rasga as vestes dele e rasga as suas próprias vestes. Ela apanha os dois meninos pequenos, corre para o rio com eles e lá os joga na correnteza. As crianças morrem afogadas, e La llorona cai às margens do rio, cheia de dor e morre.
O hidalgo volta para a Espanha e se casa com a mulher rica. A alma de La Llorona sobe aos céus. Lá o porteiro-mor diz que ela  pode entrar nos céus, já que sofreu, mas que não pode entrar lá sem antes resgatar do rio as almas das duas crianças.
E é por isso que se diz hoje em dia que La Llorona vasculha as margens dos rios com seus longos cabelos, que mergulha seus dedos compridos na água para arrastá-los no fundo à procura dos filhos. É também por isso que as crianças vivas não devem se aproximar dos rios depois de anoitecer, porque La Llorona pode confundi-las com seus próprios filhos e leva-las embora para sempre.

Criar algo é gestar um filho. E para isso existe um tempo. Tempo de fazer, de cuidar, esperar crescer dentro da barriga, da encubadeira até o momento de ir para o mundo.
Estas fases precisam ser respeitadas ou você poderá perde-lo.
Existe um tempo para tudo.
Perder os filhos para ansiedade e o medo faz com que o rio da criatividade pare de fluir dentro da sua naturalidade.
As emoções começam a estagnar. E tudo o que resta são mágoas, pesar, lágrimas, água parada mal cheirosa e podre.
Quando nos tornamos amargas é porque deixamos de aprender. De olhar os processos e aceitar os novos desafios que a vida nos impõe.

"A vontade é o elemento fundamental a fim de trazer o sentido das coisas e do mundo. É essa união entre o corpo e o sentimento, segundo o filósofo, que proporciona a essencia metafisica elementar: a vontade da vida." Schopenhauer

Você faz algo para se atrelar às historias dos outros?
Depende da aprovação alheia?

Fazer coisas, e do seu jeito, pede CORAGEM. Agir com Coração.

"Quando estiver pronto, eles virão" - Campo dos Sonhos~filme

beijo beijo;

Patty










sábado, 26 de outubro de 2013

Culpa ou Responsabilidade

Vivemos momentos de grande expansão, de conhecimento, manifestação, aplicação e escolhas.
Seculo XXI e estamos diante da "liberdade".
E o que é exatamente isso?
Como lidar com toda a grandeza do Universo e toda a minha grandeza sem entender os limites do outro. As escolhas e liberdade do outro também.

Falar em culpa e responsabilidade assusta algumas tantas pessoas. Porque diante de toda a permissão tornou-se feio julgar um ato.
Julgar traz responsabilidade, isso significa que você está respondendo por algo, ou por alguém e decidindo o caminho do julgado.

Quanto maior o lago, maior as regras, ou você pode se afogar. Não se afobe, não afogue seu vizinho na tentativa de preservar sua vida, relaxe, boie na superfície da água até tomar folego e continuar a Jornada.

A culpa é um sentimento de punição que carregamos - para sempre, quando não entendemos - porque ela não liberta.

A responsabilidade te dá a posição de escolha e o reconhecimento dos seus limites, ela te ensina.
Quando sabemos da nossa humanidade e imperfeição fica fácil dar colo aos nossos erros..

O que está feito não pode ser mudado, desfeito. A culpa é uma vontade de mudar o passado. É uma espécie de desejo do impossível. Daí o sentimento de impotência ou uma vontade de fugir para o esquecimento, para a negação de si e da realidade.

Quando uma pessoa se responsabiliza por um erro cometido, ela se liberta do passado. Reconhece a si e aos outros e às situações como imperfeitos e assim percebe seu potencial para mudar o futuro.
Reconhecer o erro é saudavel e assumir a responsabilidade também. Quando fazemos isso podemos tirar algum aprendizado da situação, rever as escolhas e planejar outras maneiras de agir no futuro.
As palavras tem poder e precisamos nos atentar no que pensamos e dizemos. Isso reverbera e vai pulsando adiante trazendo fatos recorrentes e não conseguimos sair da roda que criamos com a nossa mente.

Auto conhecer-se é fazer esse tipo de atenção. Saber de si. E exercitar este saber com muita humildade.


LA POSADA: A hospedaria acolhedora à beira da estrada

Desde tempos imemoriais,
forças erguem-se das trevas
jorrando areia preta por toda a parte
tentando apagar A Luz do Mundo...
tentando destruir os filhos
e as filhas da Luz.

Ás vezes, implorar de porta em porta
é a única forma
de encontrar abrigo para o Sagrado.

Mesmo quando as portas se fecham com violência,
uma acabará por se abrir,
E a luz do fogo lá dentro
saltará pela escuridão,
para que a luz encontre a Luz,
como o aço afia o Aço.

Mas, mesmo que ninguém venha,
Mesmo que ninguém abra a porta,
quer dizer, nenhum ser humano...
fique firme, porque
anjos virão então...
e, com a chave do Amor,
todas as portas se abrirão
ou ficarão bem trancadas,
protegendo tudo o que está dentro...

Tudo isso por você,
não contra você,
por você, que persistiu,
você mesmo agora, e todos os dias,
nascendo como o "mi"
no início da palavra
milagre...

Assim, você mesmo,
a seu próprio modo humano e sensível,
é para sempre o filho milagroso de Maria.

O ritual de La Posada - LIBERTEM A MULHER FORTE- Clarissa Pinkola Estés


MILAGRIMAS -






quarta-feira, 2 de outubro de 2013

MANDALAS, POR QUE MANDALAS?

Circulos.
O que atrái o homem à esta geometria?
Células, átomos, glandulas, orgãos, quantos circulos temos no corpo humano?
O que em nós reverbera tanto na outra imagem - macro! Terra, planetas, Universo.
E assim vamos percebendo o Todo em nós e vice-versa.
Assim fazemos quando trabalhamos as mandalas
A mandala é utilizada desde os tempos primitivos pelos xamãs indígenas da América e dos aborigenes da Austrália. Ainda hoje eles as desenham em areia colorida, e depois as desmancham.
Os místicos ocidentais e orientais ao longo de toda a história da humanidade já usavam mandalas como um caminho para reencontrar seu próprio centro
A mandala é um circulo mágico que representa a Unidade Interior.
Jung começou a investigar as mandalas nas tradições budistas e descobriu que os conteúdos das mandalas tibetanas vinham das doutrinas dos dogmas lamaicos. Elas não tem significado particular porque são apenas representações exteriores. Para os lamas a verdadeira mandala é sempre uma imagem interior gradualmente construída pela imaginação ativa nos momentos em que o equilibrio psiquico está perturbado ou quando um pensamento não pode ser encontrado e deve ser procurado porque não está contido na doutrina sagrada. Por serem de grande importancia como instrumento de culto, as mandalas tibetanas geralmente contém no seu centro uma figura do mais alto valor religioso como por exemplo, Shiva ou Budha.
Jung pintou sua primeira mandala em 1916. Ele costumava desenhar mandalas todas as manhãs. Seus primeiros desenhos eram circulares e ele não compreendia seus significados, porém dois anos depois ele observou que existia um padrão em suas mandalas e caso estivesse em conflito desenhava uma mandala alterada.
Desenhar e pintar é uma maneira de limpar as imagens contidas no inconsciente para depois entender o caminho pessoal
Vamos aprendendo a dirigir o grande Elefante (inconsciente) dirigindo o veiculo, todos os dias, entendendo essas emoções e imagens guardadas no porão.
Tenho tido muitas experiencias boas nas Vivencias em grupo. O compartilhar é se ver no olhar do outro com muito respeito. Tão bom ter um momento para falar de si num outro âmbito.
A confiança obtida neste convívio é impar, pois
estamos todos frágeis, de barriga para o alto permitindo que as dúvidas venham livremente buscar a luz e o outro que também está nessa busca.
Já dizia Rei Arthur que na Tavola Redonda não havia lider, todos eram iguais e todos lutavam por todos. UM POR TODOS E TODOS POR UM!
Perceber-se nivelado dentro de um grupo traz essa harmonia onde a criação encontra campo para manifestação.

Circulos vazios.
Circulos de cristais
Circulos de avaliação
Circulos de Jardim

Assim, dentro dos elementos vamos encontrando a nossa linguagem, pode ser no giro sufi, na gerbera, na pizza...na mandala coach ( o mapeamento da vida), na mandala de cristais ( a magia do mineral como protetor e ancorador dos seus projetos), da mandala da criatividade ( o que minha parte imaginativa está trazendo?).

Exercícios de construção e desconstrução, mantras e simbolos, tanta coisa se pode fazer e trazer no convívio circular.

E foi neste prazer, nesta roda de descobertas que fui aprofundando nas leituras, pesquisas e muita prática. Pois sem fazer você é só palavra. É na atitude que se comprova a eficácia!

Bjs;

Patty




terça-feira, 17 de setembro de 2013

Criar é bom - terapia criativa

Esta chuva que cai me faz pensar no céu que chora, na água que cai banhando a terra criando uma nova oportunidade para a semente escondida  lá no fundo vir a se nutrir e crescer rumo ao sol, à vida.
Assim fazemos nos processos de Terapia Criativa.
Trazemos a emoção para limpar e banhar a terra que parece improdutiva e se surpreender com os frutos que podem surgir deste processo.
Fazer as buscas, encontrar as histórias, as pessoas e fazer deste circuito um momento particular. Um reencontro das suas partes cindidas pelo tempo.
É um tecer, uma costura de energia, energia do amor.
Parece tudo muito impalpável, invisível e assim o é.
Afinal de contas este mundo não é o mundo da ilusão?
Tudo o que foi construído, gerado, veio do seu campo de idéias.  Trabalhar a arte é poder trazer esta criação para um campo possível e positivo. E na arte tudo é possível.
É um exercício mental de compreensão do seu texto, da sua biografia e um resgate da alma, do prazer e alegria em estar aqui/agora criando novas oportunidades de realização.

"A arte é importante porque ela celebra todas as estações da alma." C.P. Estés

"Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: Vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente eu nunca convivi com pessoas ajuizadas. É necessário espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade.." Nise da Silveira

"A arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, é criatividade, é vida." C.J.Jung

É necessário sempre um start, um começo, um mote para iniciarmos uma prática.  O que motiva meu interno neste instante?
Ter espaço para realizar?
Descansar a mente?
Me distrair? Me conhecer?

As perguntas são as pernas que vão buscar razões e energia para ir atrás do desejo, mas é o coração que estabelece a conexão e a continuidade desta busca.
Pode ser uma escrita, um desenho, uma música, um silencio. Mas uma atividade que desperte o seu interno, que faça esta comunicação necessária para você se alimentar constantemente e encontrar o prazer, a brincadeira da vida. A leveza e o bem estar.

Pratique a vida! Mantenha-se desperto!

Ah! O video é um presente para vc que leu até o final.


Bjs;

Patty

domingo, 1 de setembro de 2013

Iluminar

Desde quando me tornei estudiosa da espiritualidade e a pratica-la aprendi que o saber traz muita responsabilidade. E que este saber levanta ligeiramente o véu o mistério.
Viver em contato com a magia da vida, consciente da responsabilidade que temos um com o outro, formando uma rede, conhecida como Mônada, para ascensionar para uma outra dimensão pede diariamente que façamos a nossa parte e que sejamos capazes de ajudar o outro a fazer a sua parte também.
Se o que eu sei não servir ao outro, eu não sei nada.

Aqui segue uma pequena história do Tantra: The Supreme Understanding



Buda chegou à porta do paraiso. Naturalmente as pessoas de lá esperavam por ele. Abriram a porta, deram-lhe as boas vindas, mas ele deu as costas para a porta, olhando para o mundo - milhões de almas no mesmo caminho, debatendo-se, atormentadas em angústia, lutando para alcançar esta porta do paraíso e do êxtase.
O porteiro disse: "Entre por favor! Estávamos esperando por você."
E Buda replicou: "Como posso entrar se os outros não alcançaram? Este não parece ser o momento apropriado. Como posso entrar se o todo ainda não entrou? Terei que esperar. É como se minha mão alcançasse a porta sem que meus pés a tenham alcançado. Terei que esperar. A mão, sozinha, não pode entrar."
De acordo com esta bela história, Buda ainda está esperando. Ele tem que esperar - ninguém é uma ilha, formamos um continente, estamos unidos. Talvez eu tenha dado alguns passos adiante de você, mas não posso estar separado. E agora sei disso profundamente, esta não é apenas uma história para mim - estou esperando você. Agora não se trata apenas de uma parábola; sei que não existe iluminação individual. Indivíduos podem dar alguns passos adiante, isso é tudo, mas permanecem unidos ao todo."

Osho Neo Tarô


E é neste processo de Unidade que vamos nos espelhando e nos aperfeiçoando. Nas relações, dificuldades, alegrias, questionamentos. A vida nos convida todos os dias a exercitar todos os planos e a treinar o amor.

"Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola."
Caio Fernando Abreu

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Meu recadinho de primavera.
Floresça.
Pode ser a última florada.
Aproveite cada instante da sua jornada.
Faça tudo de verdade.
Só vale a pena quando é de verdade.

beijo beijo e muito amor;

Patty

Ah! Para brindar...Norah Jones e Anoushka Shankar







sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Aprender criando

"Você pode me dar um cérebro?" perguntou o Espantalho
"Você não precisa disso", declarou o mágico
"Você está aprendendo coisas novas todos os dias. Um bebe tem cérebro, mas não sabe muito. A experiência é a única coisa capaz de dar conhecimento e, quanto mais tempo passar na Terra, mais experiência terá."
O Mágico de Oz

De fato a vida é nossa escola. Mas somos levados a aprender também nas escolas convencionais, nos cursos, vivencias, wokshops. São salas onde aprendemos novos aspectos, formas e conteudos de outras pessoas que também viveram e aprenderam coisas.
E assim se faz uma rede, de quem ensina, de quem aprende e de quem ensina aprendendo e de quem aprende ensinando...
Aprender fazendo é uma grande aventura! Uma aventura responsável, não vale fazer bobagem, é preciso discernimento do que se faz, um pouco de bagagem cientifica, intelectual, filosófica para poder acessar outros conhecimentos com foco, proposito no que se busca e se estiver ensinando também a responsabilidade de acessar o outro com respeito e limite do que se sabe.
Aprender fazendo é abrir as portas da sensibilidade e ir tateando cuidadosamente, descobrindo - tirando o véu - e permitindo sentir.
O sentir é um grande guia. E quando damos a mão ao espirito que sente tudo fica gigante. A alegria da descoberta é imensa e a tristeza de não conseguir também.
E sentir é assim, é verdadeiro. Quando é mentiroso não tem sentido e morre rápido.
Fico danada com esse mundo de gente grande que não entende quando começamos a tropeçar de alegria, romper a etiqueta e querer gritar ao mundo que estamos bem.
Será que a felicidade é esquisita? Só podemos chegar aos 70% e ficarmos contentes?
É, eu quebro etiquetas, formulas e padrões. Sou esquisita mesmo.
Mas o assunto deste post é a alegria de viver os processos terrenos. Viver a Vida!
Comecei muito cedo virando moça e quebrando as regras no bairro onde vivo até hoje. Todo o meu caminho foi muito desenhado em torno da arte. Aulas de piano, coral, dança na adolescência, teatro, pintura, mandalas.terapia artistica, arte terapia, historia da arte...
Tantos caminhos para enriquecer o repertório, e isso é bom! Buscar outras opiniões, visões e entendimentos. O melhor do compartilhar e perceber o seu pedaço no outro e exercitar a Unidade o tempo todo. Somando, Subtraindo, Dividindo - nessa bonita matemática do mundo.
Mas existe algo que aprendi na vida e que considero muito importante. Nada é tão sério como você pensa. Os movimentos vida/morte/vida acontecem, pertencem ao ciclo terreno. Viver e morrer é simples. E a beleza está certamente em se divertir neste hiato, aproveitar os ensinamentos com o máximo de alegria e BRINCAR de viver. Sim com aquele olhar infantil, cheio de curiosidade, de surpresa, vivacidade.
Quando permitimos a brincadeira, a criança desperta e com ela vêm os nossos instintos, intuição, permissão, flexibilidade, naturalidade...tudo aquilo que corpo adulto enrijecido pela mágoa, tristeza, decepção não permite mais que aconteça.
Meu convite?
Aprender a ser criança de novo.
Trazer arte para o seu cotidiano.
Sorrir mais.
E deixar para lá o que não convém.

Seja feliz;

Patty



segunda-feira, 3 de junho de 2013

Os caminhos

Escolher um caminho não é tarefa fácil.
Existem pessoas que seguem uma tradição familiar ou que desde cedo tem isso determinado em seus corações.
Médicos, dentistas, secretárias, diaristas...
Uma vez li uma matéria que a pessoa dizia para lembrarmos do que brincavamos na infancia, com certeza (talvez um sinal) seria o talento predominante desenvolvido com prazer durante a vida.
Eu  gostei de muitas coisas por exemplo, sempre fui a professora quando brincavamos de escolinha. E mesmo sozinha eu ensinava as bonecas.
Não fiz magistério nem pedagogia.
A rebeldia dos 15 anos foi mais forte e durou bastante tempo. Tempo suficiente para entrar no teatro em busca de mim já na fase adulta. Encontrei um anuncio de jornal que dizia "venha se conhecer através do teatro". E lá fui eu para o teatro Augusta iniciar minha jornada.
Entrei no Teatro Escola Celia Helena com o seguinte plano: vou me formar e dar aulas de teatro. Olha aí o sinalzinho da infancia tocando a sirene.
O ego foi maior. Ser atriz era bom demais. Desafiar o grupo, se expor, tentar historias diferentes, vozes...roupas...máscaras e encarar o mundo profissional.
Bom, não vou me estender nessa historia. Tem muita coisa boa e outras nem tanto e não quero me perder na dissertação.
Rodei outras estradas, aprendi muita coisa no Universo Holistico e a idéia era atender pessoas.
Mas chega um momento e chega mesmo, em que a sua vida vai se integrando (todas as experiencias vão entrando num caldeirão, e o sabor da sopa foi ficando muito bom!), e você começa a criar uma linguagem que é só sua. O seu jeito de caminhar. E isto pode despertar o interesse de outras pessoas que perdidas no labirinto queiram acompanhar um tempo os seus passos até criar  sua propria dança da vida.
E deste jeito, com as mandalas que são uma ferramenta integradora que comecei a minha fase de coordenar jornadas, mostrar caminhos e contar um pouco do que aprendi.
Ensinar é estranho e bom.
Estranho porque quem mais aprende é quem ensina. A troca é fantastica.
Criamos um Universo Ambiental que permite que o circulo faça movimentos livres propondo sempre a unidade e a igualdade. Somos todos o Todo.
Quando desafiei meus sabotadores ( os monstrinhos da minha cabeça ou a sombra), abri a oportunidade para o coração correr livre e nessa corrida não é o tempo que manda e sim um fio invisivel que nos conduz aos lugares e pessoas certas.
É sério, o maior sinal que existe é; quando as coisas ficam lisas, fáceis, é porque você está no caminho da luz, da alegria, do amor. E assim entramos na sinfonia do Mundo, onde tudo dá certo na hora certa.

Estamos entrando no mês 06, meio do ano. Aquele periodo onde muitas pessoas olham o planejamento do reveillon e se assustam porque não conseguiram cumprir nem 1/3.
Ainda dá tempo de mudar tudo. Sempre dá tempo.
Respire, seja amoroso consigo e permita que a vida interfira em voce.

Descanse e aproveite...no meio de tudo isso tem muita coisa boa!

bjs;

Patty


sábado, 18 de maio de 2013

Os caminhos do Tambor

"Bliss é aquela sensação profunda de estar presente, de fazer o que você decididamente deve fazer para ser você mesmo. Se você conseguir se ater a isso, já estará no limiar transcendente." Joseph Campbell

Este foi o início do meu caminho:

Há bastante tempo atrás quis ter um tambor.

Tentei ir à várias oficinas para faze-lo, mas sempre surgia um impedimento. Um bloqueio, meu...de pessoas ao meu redor e do Universo. Um dia me cansei e declarei, vou comprar um. Encontrei um fazedor de tambor tradicional, mestre...Marcelo Caiuã. Ele foi entendendo a minha busca, ficamos conversando por email...ele mora no sul do país e eu falando do meu tambor Arco Iris, lembrando da profecia do povo Hopi e da tribo do Arco Iris.
Meu tambor chegou numa caixa de papelão, quando eu abri tinha um envolucro preto, depois mais um embrulho, e outro e outro, até que ele pulou para fora exalando seu som. Nasceu. Foi pura magia.
Somos cercados de milagres, cada atitude é uma gota de orvalho trazendo nova vida ao nosso redor.

Hoje eu e ele dançamos, viajamos, vamos praticar na roda da Monica Jurado todas as semanas, e estou aprendendo tanto com esta parceria amorosa - eu/tambor. E o ritmo. O poder. Todas as dimensões alinhadas, passado/presente/futuro juntos, num instante só trazendo a consciência do caminhar da alma, dos resgates, das gerações. do Porvir.

Dançamos sozinhos, em outras rodas, visitamos pessoas e cavalgamos em liberdade e alegria pelos mundos, levando passo e compasso. 

O tambor é um instrumento feminino, por excelência. É a batida do coração, do corpo, o som primordial, o som do ventre que ouve o coração da mãe.


Tocar o tambor foi me trazendo o real sentido de estar presente, de ter práticas, disciplinas, entendimentos para realizar cada vez mais o meu trabalho e seguindo o ritmo, unindo todas as partes numa única linguagem.

Tudo tem e vem a seu tempo.
E assim fui assumindo a Mulher Selvagem e seu tambor simplesmente fazendo o que devia ser feito, unindo busca e qualidade na minha jornada.



Agora estou coordenando grupos de estudo do livro da Clarissa Pinkola Estés "Mulheres que correm com os Lobos" junto com as Oficinas Criativas (e com o tambor), fazendo as Oficinas de Filtro dos Sonhos. E montando mais Oficinas Criativas de Desenvolvimento Humano com mandalas, máscaras, argila, nanquim e muita diversão. Porque a vida é divertida, os aprendizados são divertidos. Ás vezes no início é bem dificil, mas depois quando olhamos para traz fica leve, divertido mesmo - quando somos capazes de compreender ...


Foram décadas para pegar um rumo e unir a espiritualidade à razão. O tambor me trouxe isso de presente.


Mitakuye Oyasin


Abaixo segue uma pequena pesquisa sobre outros caminhos dos tambores e sua cultura em outros lugares. A quem interessar:

Os nativos norte americanos associam o toque do tambor ao coração da Mãe Terra e também ao seu útero. O tambpr da acesso à força vital através do seu ritmo.
O tambor é considerado o cavalo ou a canoa, que leva ao mundo espiritual. É o instrumento que faz a conexão Céu e Terra.
É utilizado por sacerdotes do mundo inteiro. Como o Damaru (instrumento de Shiva), os tambores japoneses, as tumbadoras cubanas, cultos afro..




Entre os índios brasileiros existem os tambores de cerâmica (percutido com uma baqueta), o tambor d'água (de cerâmica cheio de água); o tambor de fenda, que é uma madeira cavada em um tronco com aberturas circulares (sem pele), pendurados há alguns centímetros do chão e tocados por duas baquetas, e os tradicionais tambores de pele.

A velocidade de toque para uma jornada xamânica varia de 150 a 200 batidas por minuto.Os sons repetitivos e monótonos, permitem ao xamã alterar sua consciência. O antropólogo M. Harner, relata uma pesquisa feita em laboratório, que o tambor produz modificações no sistema nervoso, pois as batidas são de baixa frequência, predominando o nível de frequência do eletroencéfalograma, por esse motivo, para conservação do transe, geralmente um assistente assume o tambor. O tambor associado a cânticos, sinos , e outros intrumentos cria um ambiente muito propício para o transe.
Alguns xamãs chegam a afirmar que o trabalho xamânico não acontece sem um tambor. O chefe do tambor, ogã, tamborileiro, é o maestro da viagem, do transe. Os toques podem aumentar o campo de força. Existem toques para cura, para guerra, para as jornadas.
Histórias nativas contam que o tambor é um presente enviado pela Águia. É o veículo do xamã, que nos permite comunicar na língua sagrada do espírito.
Um tambor xamânico é construído dentro dos parâmetros muito precisos para a eficácia máxima. A borda é feita da madeira, geralmente cedro, ou uma madeira local com bom resonate qualidades. A cobertura é mais tipicamente do couro cru .
O tambor xamânico produz estados claros de transe e níveis de relaxamento profundo. É também meio de conectar com os pontos mais distantes da grade energética. O tambor sagrado alinha-nos com as forças da harmonia. A harmonia é um atributo universal da consciência, e ajuda-nos viajar, através do espaço do coração. Quando nós ouvimos o tambor ressoar nós criamos uma possibilidade de oferecer a vida para nos e o universo inteiro.
O tambor nos leva a examinar o espírito, dá-nos uma voz do espírito e as orelhas do espírito. Alce Negro - Wallace Black Elk , xamã lakota disse : "quando você reza com o tambor , quando os espíritos ouvem esse tambor que ecoa, nossa voz superior é desobstruída".
(site do Léo Artese - www.xamanismo.com.br )

Na cultura celta temos o Bodhrán que era usado também como peneira de alimentos.
Bodhrán é um instrumento bastante peculiar na musica celta, no folk e em vários estilos e é de uso comum à Irlanda, Escócia e Pais de Gales, sua pronucia correta é (bow-rawn ou boran). É semelhante a um tambor onde o couro é esticado sobre um arco de madeira. Tradicionalmente o tronco de freixo, uma arvore de madeira dura e amarelada, muito comum na Europa é usada para a fabricação do arco e o revestimento é feito com pele curtida de cabra ou de cervos. Pode ser tocado com as mãos ou com o "cipin" uma haste de madeira de formatos diversos.









O Daff embora constantemente confundido com o Riq é também muito conhecido no mundo árabe.
No período pré Islamico no Egito este instrumento era utilizado somente por mulheres que ainda hoje utilizam o Daff para acompanhar as danças femininas e em particular nas festas citadinas. No médio oriente este instrumento é utilizado para acompanhar canticos religiosos. O Daff distingue-se do Riq pelo seu diametro (30cm) e a sua armação é mais alta.




                                               




       
 Os tambores são utilizados desde as mais remotas eras da humanidade. Acredita-se que os primeiros tambores fossem troncos ocos de árvores tocados com os pés ou galhos. Posteriormente, quando o homem aprendeu a caçar e as patas de animais passaram a ser utilizadas na fabricação roupas e outros objetos, percebeu-se que ao esticar um pé sobre o tronco, o som produzido era mais agudo. Pela simplicidade de construção e execução, tipos diferentes de tambores existem principalmente no Brasil. A variedade de formatos, tamanhos e elementos decorativos depende dos materiais encontrados em cada região e dizem muito sobre a cultura que os produziu.


Os tambores exerciam nas civilizações primitivas diversos papéis. Além da produção de música para rituais e festas, os tambores, devido à sua grande potência sonora, também foram usados como meios de comunicação.
Nos textos bíblicos é possível encontrar várias referências ao tambor. Entre muitas, de destacar, no antigo testamento, alguns exemplos: Após a passagem pelo mar VermelhoMiriam e as mulheres de Israel dançaram ao som de tamboris (Êxodo 15:20). Outras mulheres dançaram com tamboris após as vitórias de Saul e David (1 Samuel 18:6). O Salmo 149 (verso 3) incentiva a louvar ao Senhor com harpa e adufe. (fonte Wikipédia)


~~o barulho do coração fazendo ecoar pelos ares, fazendo-se presente e atuando. Evocando o Ser como ele é, ancorado por um propósito e conquistando seu espaço de direto.

Miranda Rondeau's - Dragonfly (Libelula)




Paz e beijo para vcs;

Patty

terça-feira, 7 de maio de 2013

A moça tecelã


          


"Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.
— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.



          Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.

A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte."

Fim



************

Perfil:
Marina Colasanti (1938) nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei, mas não devia e também por Rota de Colisão.

Dentre outros, escreveu
E por falar em amor, Contos de amor rasgados, Aqui entre nós, Intimidade pública, Eu sozinha, Zooilógico, A morada do ser, A nova mulher, Mulher daqui pra frente, O leopardo é um animal delicado, Esse amor de todos nós, Gargantas abertas e os escritos para crianças Uma idéia toda azul e Doze reis e a moça do labirinto de vento.

Colabora, também, em revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. Casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A Mandala da Vida

Circulos!
Mandalas!
Foqueiras!
Histórias!
Desde a pré história, desde sempre somos levados a este formato Universal.
Igualitário, onde todos vêem todos.
Tão bom, tão bom ser assim e compreender o giro da roda, o movimento circular e se permitir ser levado a este estado abençoado como quando dançamos uma valsa e rodopiamos nos braços de alguém, os como no giro dos dervishes que giram pendulados no Divino.
Me encanto com esta magia. Do pintar a Mandala. Do tecer o Dream Catcher e de reunir pessoas num circulo para contar, para dançar, para estudar, para tocar tambor e para sentir a unidade.
E neste movimento volto o pensamento para a criação. O Criador!
Quem somos nós e o que de fato estamos fazendo das nossas vidas.
Muitas vidas vividas, algumas almas já bem antigas deste mundo que passam para ancorar conhecimento e outras que pela curiosidade nos motivam sempre a buscar mais, experimentar e se divertir com o novo.
Moças, Mulheres e Anciãs sempre presentes fazendo o circuito diário. Quem sou hoje? A moça? A mulher? Ou a Anciã?
Uma Anciã moça,
que carrega com leveza todo o conhecimento do mundo e mantendo sempre o prazer viver aqui?
Impossivel rotular, nossos hormônios nos fazem mutantes e flutuantes, perceptíveis e emotivas como a água.
E por saber este movimento instável nos permitimos ser. Pelo menos tentamos. Eu tento!
Nem sempre dá certo, mas o incerto nos faz buscar novas vias.
O importante é manter o fluxo fresco.
E criar, recriar...de dentro pra fora, de fora pra dentro.



"Como devo começar meu canto na noite azul que está caindo?
Na longa noite o meu coração vai partir,
Ao meu encontro vem chocalhando a escuridão,
Na longa noite o meu coração vai partir."
CANTO DE UMA PAJÉ DA TRIBO PAPAGO



....no amanhecer tudo será diferente.

Segue uma das minhas animações prediletas:



E que no giro das Moiras tenhamos sempre a sabedoria do amor para nos guiar.

bjs;

sexta-feira, 5 de abril de 2013

BÁLSAMOS MEDICINAIS

Um Grupo de Estudos ou um Circulo de Mulheres?
Um Grupo de Mulheres dispostas a se estudar em forma circular, sem hierarquia.

"É assim que a cultura se conduz quando ouve e aprende a partir da contribuição de todos."
 Jean Shinoda Bolen.

Sempre tive dificuldade de participar de algumas rodas, pela falta de oportunidade que as pessoas tem para se expressar...e sempre haverá alguém que precisa deste momento.
Coordenar uma roda é muito delicado mas devemos sempre ter o coração disponível para transpor alguma regra ou criar outra para manter a unidade e manter o foco no propósito.
Um Circulo de Estudos com o livro "Mulheres que Correm com os Lobos" é reduntante? Sim!
Mas qual o problema em ser mais uma?
Escolhi este livro pois é um ícone no movimento dos Circulos Femininos e poder ter a oportunidade de partilhar conhecimento, dúvida e aprendizado com diferentes mulheres é master.
Não faz muito tempo que assisti um video da Jean Shinoda Bolen, lançando um novo livro...ela é autora do "O Milionésimo Circulo", onde ela enfatizava a necessidade de se criar mais circulos de mulheres, na busca de modificar a massa critica.
Não vou entrar numa discussão feminista, acho que os Circulos não são para isso, mas sim para resgatar a nossa ancestralidade, o nosso re-conhecimento como seres criadoras, ancorando novamente à arvore Genealógica do conhecimento Matricial.
Reencontrar a nossa história faz movimentar a espiral universal, modificando conceitos, criando novos, trazendo o que uma vez era proibido e impossivel para o permitido e possivel.

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."
Eduardo Galeano

Apenas reconhecer os arquétipos não é efetivamente entende-los e cura-los (quando mal posicionados na sua biografia) por isso em alguns momentos vamos realizar oficinas para limpar e criar. Trazendo do inconsciente para o consciente e conhecendo melhor a sua comunicação interna.

Verbalizar a experiencia é de novo espiralar a descoberta e ampliar a sabedoria como uma pedra ao cair no lago...expandindo...expandindo...expandindo...

"Espero que vocês saiam e deixem que as historias lhes aconteçam, que vocês as elaborem, que as reguem com seu sangue, suas lágrimas, seu riso até que elas floresçam; até que você mesma esteja em flor. Então, você será capaz de ver os bálsamos que elas criam, bem como onde e quando aplicá-los. É essa a missão. A unica missão."
Clarissa Pinkola Estés



O grupo é um circulo montado com foco no livro "Mulheres que correm com os Lobos" da Clarissa Pinkola Èstes.
A cada encontro vamos ler uma lenda e compartilhar como nos sentimos em relação à história trazendo elementos da nossa biografia. Vamos pesquisar juntas como esses elementos nos tocam.
Mais do que o ensinamento que a autora nos traz como especialista, psicologa, escritora do livro, vamos enriquecer o estudo com oficinas de desenvolvimento, outras leituras de acompanhamento e o que vocês trouxerem no circulo durante a dinamica.
A contribuição do Grupo de Estudos será voluntária para bancar o aluguel do espaço.
Eventualmente poderá haver uma oficina extra curricular com um preço definido e com a liberdade de participar quem quiser.



GRUPO DE ESTUDOS:MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS

coordenação: Patricia C. Vignoli

Inicio: 24/04/2013 das 15:30 às 17h
todas as quartas feiras

contribuição sugerida: R$ 15,00 por encontro




RENNOVAR CORPO E CONSCIENCIA
R.Heitor Penteado, 1470 - V.Madalena - próximo ao metro

Mais informações: 9 9875-8991
vignoli.patricia@gmail.com





 

terça-feira, 26 de março de 2013

Minha amiga Morte!


Kali, deusa da Morte e da Sexualidade. A "negra", esposa de Shiva.Apesar da aparência de malvada, Kali é muito mal compreendida pelas pessoas. Ela mostra o lado escuro da mulher ou do trangenero e a verdadeira força feminina. Kali é venerada na Índia como uma mãe pelos seus devotos e devotas que esperam dela uma morte sem dor ou aflitos.

A Morte é o Arcano XIII no tarot, transformação.

É um número considerado indicativo de má fortuna e desgraças.
Existem prédios na America do Norte que não têm o 13ºandar.

Por estas bandas virou Borboleta, simbolo da transformação. A morte é transformação!
Mas quando ela entra pela porta da nossa casa toma uma outra dimensão.
Eu sou filha de pais velhos, tenho um pai com o dobro da minha idade...94 anos. Ele é um highlander, se acha e se sente imortal (apesar dos ossos que doem). Já vivi todos os tipos de paralisação perante a sua fragilidade. Diminui ritmo social, depois de trabalho, depois de vida própria e depois?
Por que a morte veio visitar o outro, no caso meu pai? Afinal quem está vendo a face da morte sou eu! Então comecei a me perguntar, o que esta senhora quer?
Eu posso morrer agora?
Fiz tudo direito?
Correspondi às minhas expectativas ou a dos outros?
O que eu tenho para contar quando chegar na outra?
Tem mais coisa para fazer? Para criar? Para Apreciar?
Estou viva mesmo ou apenas com medo de ir para o desconhecido?
Comecei a me lembrar de quanto prazer eu tenho de viver neste planeta. O por de sol, o mar...
as empadinhas, o pão de queijo, a Sangria...dançar, fazer amor...tão bonito por aqui...vale aproveitar mais...quero mais e quero inteira... a vida inteira.
Não quero medo tirando meu prazer. Não quero medo de viver nem de morrer.
Mas temo ser pega pelas ciladas da vida, pelas seduções baratas, pela minha carencia afetiva, pelos relacionamentos banais, pela fila do banco...e entrar num ritmo em que eu perca a conexão com a minha alma.

 A morte é minha amiga, ela está ao meu lado e me pergunta - você quer fazer? Faça agora, pois amanhã eu posso te pegar.

E nesta atenção e intenção vou sim transmutando os padrões de "boa moça" para fazer um bom caminho. E me perguntando sempre se está certo, se estou bem, se faz sentido. E pedindo também ao meu Mestre Interior que me guie, me oriente e não me abandone.

"dormire è um può morrire"


Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte.
Arthur Schopenhauer


Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"
 Mario Quintana

segunda-feira, 18 de março de 2013

Meditação Sufi


O HOMEM QUE CAMINHAVA SOBRE A ÁGUA

Gosto muito dos ensinamentos sufis.
Este traz a reflexão dual: Fé e Razão.
Na pureza conseguimos integrar estas partes, sabendo um bocadinho mas respeitando sempre o Mistério e vivendo-o como é. A VIDA!




Segue então:

O HOMEM QUE CAMINHAVA SOBRE A ÁGUA


Um dervixe de mentalidade meio simplória, de uma escola austeramente piedosa, caminhava certo dia pela margem de um rio. Ia absorto, concentrado em problemas escolásticos e de natureza moral, pois era esta a forma assumida pelo ensino sufi na comunidade a que ele pertencia.

Equiparava-se ali a religiosidade emocional com a busca da Verdade essencial.

De repente, seus pensamentos foram interrompidos por um forte grito. Alguém estava repetindo o apelo dervixe.

- Isto carece de sentido - disse para si mesmo - pois está emitindo incorretamente as sílabas. Em vez de pronunciar 'ya hu', ele está dizendo 'u ya hu'.

Pensou de imediato que era seu dever, como estudante mais aplicado, corrigir aquela pessoa desafortunada, que talvez não tivesse tido a oportunidade de ser orientada corretamente, dai que estivesse, quem sabe, fazendo o melhor que podia para interpretar a idéia contida atrás dos sons.

Desse modo, alugou um bote e se acercou da ilhota que ficava do outro lado do rio e de onde parecia vir o chamado.

Foi encontrar, então, sentado numa cabana de juncos, um homem vestido com um manto dervixe, que movia a cabeça e os braços seguindo o ritmo da frase iniciatória.

- Meu amigo, - disse o dervixe que viera no bote -, estás pronunciando incorretamente a frase. Cabe a mim dizer-lhe isso, já que há mérito tanto para aquele que oferece como para o que aceita conselho. Eis como se pronuncia a frase, - E a disse então.

- Obrigado - disse humildemente o outro dervixe.

O primeiro dervixe voltou a seu barco, muito satisfeito por ter praticado uma boa ação. Afinal, já foi dito que um homem capaz de repetir a fórmula sagrada corretamente poderia inclusive caminhar sobre as ondas; algo que nunca presenciara, mas que alimentara sempre a esperança - por alguma razão desconhecida - de realizar.

Agora nenhum som proveniente da cabana de juncos se fazia ouvir, mas estava certo de que sua lição fora bem acolhida.

Foi então que escutou um vacilante 'u ya', começando o segundo dervixe a repetir a frase da mesma forma de antes...

Enquanto o primeiro dervixe pensava no que acontecia, refletindo sobre a perversidade dos seres humanos e sua persistência no erro, observou de súbito um estranho espetáculo. Deixando a ilhota, o outro dervixe se acercava dele caminhando sobre a superfície das águas...

Surpreso, o primeiro dervixe parou de remar. O outro chegou junto dele e disse:
- Irmão, lamento incomodá-lo, mas tive que vir aqui para perguntar-lhe sobre a maneira usual de pronunciar a repetição da fórmula como me ensiou, pois me é difícil recordá-la.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Brincantes - o que é a vida sem brincar?

O ano começa e vamos buscar nos mapas as inspirações e indicações para a caminhada. Muitas previsões. Ano 06, ano da serpente, Saturno, Obaluayê...
São indicadores das energias que se movimentarão em nossas vidas. Mas, e o coração?Aquele norte interno, pulsante. O que ele pede?
É um ano de muitas aberturas e escolhas. A dualidade na superficie. A lentidão, a sabedoria. Eu tenho sentido uma pausa.
Como se me pedissem para respirar melhor. Respirar presente. Um slowly. Um devagar devagarinho.
Alguns projetos e oficinas me pedindo atenção e eu dizendo: dá para ficar melhor.
Estudos, cursos...uma vontade de ficar em turma conversando sobre assuntos em comum.
O bom de cursar é isso, encontra-se pensamentos parecidos ou discussões pertinentes que te levam a um novo olhar.
Trocar o papel de estudante para professor é impossível. Não dá para deixar de aprender, de compartilhar, de brincar e dançar a vida.
Trocamos apenas o lugar como numa brincadeira de pega ou esconde-esconde. A liderança cabe apenas naquele momento, depois fica tudo igual.
Aprendemos tanto na infancia e derepente vamos abandonando tudo, entregando tudo à dona Soberba e à Dona Arrogancia.
Quem são essas donas que vêem nos roubar a inocencia do não saber e a curiosidade do aprender?
Vivi esta última década voltada para a espiritualidade, para as práticas e para os trabalhos do connhecimento do eu e seu desenvolvimento. E agora, recebendo um presente do destino volto às artes com tanto prazer e alegria.
Digo isso por me reconhecer nos desenhos, na argila, na dança, na roda.
 Quanto tempo as moiras  rodam a vida  tecendo o  fio que vai entrelaçando acontecimentos, emoções, aprendizados, sofrimentos, dores, amores, formando um tapete voador rumo às estrelas.
Muito se perde no não reconhecimento.
Na falta de observação.
No ato automático.

Quem sou eu? Pra onde estou indo?

Que cheiro sou eu?

Que amor expresso agora?

E assim seguindo sinais, vivendo experiencias e encontrando vidas, inicio mais um ano!

Nos veremos em breve!

Segue um video do Brincante e sua escola - Brincantes Antonio e Rosane! Salve!!!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Pi...Pessoa e reflexões

O Sensacionismo

Sentir é criar.
Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o Universo não tem ideias.
- Mas o que é sentir?
Ter opiniões é não sentir.
Todas as nossas opiniões são dos outros.
Pensar é querer transmitir aos outros aquilo que se julga que se sente.
Só o que se pensa é que se pode comunicar aos outros. O que se sente não se pode comunicar. Só se pode comunicar o valor do que se sente. Só se pode fazer sentir o que se sente. Não que o leitor sinta a pena comum [?].
Basta que sinta da mesma maneira.
O sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha a alma.
A lucidez só deve chegar ao limiar da alma. Nas próprias antecâmaras é proibido ser explícito.


Sentir é compreender. Pensar é errar. Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra pessoa sente é ser ela. Ser outra pessoa é de uma grande utilidade metafísica. Deus é toda a gente.
Ver, ouvir, cheirar, gostar, palpar - são os únicos mandamentos da lei de Deus. Os sentidos são divinos porque são a nossa relação com o Universo, e a nossa relação com o Universo Deus.
(...) Agir é descrer. Pensar é errar. Só sentir é crença e verdade. Nada existe fora das nossas sensações. Por isso agir é trair o nosso pensamento.
(...) Não há critério da verdade senão não concordar consigo próprio. O universo não concorda consigo próprio, porque passa. A vida não concorda consigo própria, porque morre. O paradoxo é a fórmula típica da Natureza. Por isso toda a verdade tem uma forma [?] paradoxal.
(...) Afirmar é enganar-se na porta.
Pensar é limitar. Raciovinar é excluir. Há muito que é bom pensar, porque há muito que é bom limitar e excluir.
(...) Substitui-te sempre a ti próprio. Tu não és bastante para ti. Sê sempre imprevenido [?] por ti próprio. Acontece-te perante ti próprio. Que as tuas sensações sejam meros acasos, aventuras que te acontecem. Deves ser um universo sem leis para poderes ser superior.
São estes os princípios essenciais do sensacionismo. (...)
Faze de tua alma uma metafísica, uma ética e uma estética. Substitui-te a Deus indecorosamente. É a única atitude realmente religiosa (Deus está em toda a parte excepto em si próprio).
Faze do teu ser uma religião ateísta; das tuas sensações um rito e um culto. (...)

Fernando Pessoa, in 'Sobre «Orpheu», Sensacionismo e Paùlismo'








Assim como em "Avatar" , o filme "Life of Pi" está se tornando um best seller em interpretações psicologicas a respeito das representações animais e o rapaz,  Piscine.
Acho muito interessante a explicação que vem de cada um, mas o mais importante é o que sentimos diante da obra.
A viagem!
O buscador!
E as descobertas!
Deste jeito entro no cinema. Escuro total, coloco os óculos que me levarão à uma outra dimensão me convidando a sentir. O que emerge em mim?
As imagens em 3D se aproximando e me convidando a cada momento...entre, entre...e assim sou levada para o mar.
E as águas, as emoções...a delicadeza.
Ang Lee faz isso comigo. De repente esqueço o que está acontecendo, entro num turbilhão de amor que mal percebo quem são os personagens.
Foi assim com o "Segredo de Broukback Mountain".
O julgamento vai embora, o entendimento vai junto e fica o sentir. Nossa como é bom sentir e perceber como isso reverbera na história pessoal.
Não posso deixar de dizer da imensa emoção quando sem comida e enfraquecidos Pi dá colo e carinho à Richard Parker.
Colo ao instino? À sombra? À parte animal?
Não importa.
A compaixão seja lá de quem for será sempre compaixão.
Quero ver o filme mais vezes, e em 3D e no cinema. Não é filme para ter piratinha em casa não.
Como no Titanic o navio vira barquinho. Por favor!!!!
Este ano, numerologicamente 6, com Saturno na regencia, vale o convite.
Vamos sentir com sabedoria. Trazendo o Divino para as nossas vidas. A fé. O amor.
A melhor escolha...

Amor...A,mar!